Havia pensado em escrever sobre as mudanças da reforma ortográfica que acaba de entrar em vigor, e o "Tio Cleber" se antecipou a mim, roubando-me a idéia sem que eu a tivesse exteriorizado. Eu, hein!
Mas não importa. Bem, vamos lá. Esse acordo, assinado pelos países que falam oficialmente a língua portuguesa, é um passo para a integração da língua (nota-se que nem todas as diferenças serão padronizadas). É importante lembrar que é uma reforma restringida à ortografia, não havendo mudanças na gramática nem na pronúncia.
Claro que uma mudança como esta é bem-vinda, se analisada do ponto de vista internacional. Os documentos consequentemente (agora sem o trema!!!) serão padronizados, facilitando o entendimento - entre outras vantagens nesse sentido.
Agora, creio que algumas dessas mudanças foram desnecessárias e até mesmo inconvenientes. Um exemplo - o mais marcante, na minha opinião - é o sumiço que deram no trema. Ora! Como vamos explicar a alguém que está aprendendo nosso idioma a lógica de que em "equino" o som do "u" aparece, mas em "quina" não? É desagradável até mesmo para nós, que estamos habituados aos sons do português, afinal fre
quentemente lemos plavras que para nós são novas. E aí? O som do "u" aparece ou não?
Outro ponto que ainda não digeri é que foi excluído o acento agudo dos ditongos abertos ("éi" e "ói") das paroxítonas. Ao menos esse caso é um pouco mais deduzível que o do trema. Mas que "ideia" e "joia" ficam muito estranhos sem o acento, ah ficam...
E também deixou de haver acento nas vogais "i" e "u" tônicos que seguem um ditongo, também nas paroxítonas. Isso pode ser tão facilmente confundido com um tritongo! "Feiura", por exemplo.
As outras alterações não me incomodaram tanto; achei porém desnecessárias. Há tantas coisas mais complexas que poderiam ter sido modificadas, como a crase (sinceramente, me alegra que ela continue existindo). Enfim, talvez essa reforma seja útil para despertar no pessoal a vontade de escrever "mais corretamente". Ou ao menos assim espero!
Ao menos contentemo-nos, porque as mudanças no Brasil equivalem a miserável 0,43% das palavras. Em Portugal, essa porcentagem sobe para cerca de 1,6% (por exemplo: em palavras como "acto", o "c"desaparecerá - como já é no Brasil).
E desejo boa sorte aos professores de crianças que já tiveram alguma base na ortografia e terão de reaprendê-la!
Confira todas as mudanças no guia Michaelis, disponível para download no
Blog do "Tio" Cleber.